quinta-feira, 25 de junho de 2009

São João





No dia 24 de Junho é o feriado municipal de Braga.
Pela primeira vez assisti a este momento único em que se realiza o cortejo.
Neste dia, logo pela manhã (que se repete durante a tarde), é feito um cortejo com três momentos: o Carro das Ervas, o Carro do Rei David e o Carros dos Pastores. Desfilam pela cidade e param em determinados locais para fazer a exibição.
O carro das ervas, o primeiro do cortejo, para que se possa lançar ao chão as ervas e flores aromáticas (folhas de eucalipto, alecrim, loureiro, rosmaninho, etc.) que servem de tapete perfumado e festivo para dar passagem à procissão.
A seguir vem o Carro do Rei David. No carro, o grupo de homens com roupas coloridas e instrumentos de corda, afirmam-se como um marco tradicional e um dos quadros mais típicos dos festejos são-joaninos de Braga. A música, de acordo com a tradição, poderá dever-se a um monge Agostinho do Convento do Pópulo de Braga.
Por último vinha o Carros dos Pastores, totalmente adornado com verdura, onde se fazem transportar crianças, que actua durante o pequeno auto medieval, apenas com movimentação e canto, onde é celebrado o nascimento de São João Baptista, "aquele que veio preparar os caminhos de Cristo", ou seja, baseado no Evangelho segundo São Mateus, quando diz: "Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua prece e de Isabel; a tua mulher parirá um filho e pôr-lhe-ás o nome de João." É neste acontecimento bíblico que se inspira o Auto dos Pastores".
As crianças de ambos os sexos levam chapéus de palha, cajados e pandeiretas enfeitados com fitas coloridas. Outros elementos importantes do Auto dos Pastores, correspondem às figuras de Zacarias, Isabel, três anjos e o próprio São João Baptista, personificado por um menino de três anos.
(in Festas e Tradições Portuguesas - Junho, de Jorge Barros e Soledade Martinho Costa, Círculo de Leitores).
Segundo a lenda e a tradição, tal como as fogueiras e as águas, também as ervas são bentas na madrugada de São João. Colhidas nessa altura possuem virtudes específicas relacionadas com a saúde e a felicidade, sobretudo as aromáticas (alho-porro, manjerico, alecrim, rosmaninho, macela, funcho, cidreira, sabugueiro, etc.), que produzem efeito por acção directa, ou seja, deve partir deste conhecimento ancestral o acto de muitas pessoas usarem os ramos de cheiros para os fazer passar pela cara das outras com que se cruzam nessa noite e assim propiciar saúde e felicidade.
Com o alho-porro também se batia na cabeça de quem passava num desejo ritual de boa sorte, fortuna e felicidade. Hoje, muitos dos alhos-porros foram substituídos por martelos de plástico.
Por mim substituía todos os martelos pelo alho-porro.

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